Conversei com um esta semana, e pelo jeito, era versado em portais sobrenaturais.
Sim, há sovacos de todos os tipos: odores leves, acebolados, capitão caverna – mais ou menos o tipo que encontrei -, amanteigados por conta do sebo, de nacionalidades diversas, e etc.
E quando você se deparar com um deles, bem no meio da noite, reflita, pois está aí a pedra filosofal – não sabia que pedra filosofava – para solucionar as questões humanas mais complexas.
Estava no ônibus, indo pra casa tarde da noite, sentado e pensante, quando adentra ao coletivo um homem moreno, abdômen em semi-círculo – na realidade aquela barriguinha já estava no décimo mês de gravidez – camisa vermelha de algodão e botões madrepérola aberta até um pouco acima do umbigo, no melhor estilo caminhoneiro, apesar de ser frentista.
O gestante permaneceu de pé paralelo ao meu ombro. Com o braço direito sobre minha cabeça apoiava-se na barra de segurança, e o barril, quero dizer, a barriga próxima a meu ouvido fez com que ouvisse tudo lá dentro, principalmente o coraçãozinho do bebê batendo. Transfigurei-me num ultrassom humano. A criatura sem educação aparente insistia em continuar o exame e eu, incomodado, tentava desviar da responsabilidade ginecológica a qual a vida havia me designado naquele instante.
Incomodado, ensaiei um movimento de fuga e, ao olhar para cima, fiquei cara a cara com aquela coisa. Era matéria certa para a comunidade cientifica internacional.
A ciência... A busca pelo desconhecido... Algo que a própria física procurou desvendar durante séculos!
Todas as questões filosóficas da humanidade poderiam estar ali, encerradas naquele sovaco!
Por entre a larga manga da camisa vermelha, vi a abundante capilaridade negra; um pequeno e curioso espaço, passível de observação por parte dos estudiosos. Intrigante e assustador.
Einstein, dono de um não menos cabeludo bigode, ao encontrar este sovaco poderia facilmente desvendar boa parte dos mistérios universais, mudando inclusive, o comportamento masculino em relação aos cuidados diários.
A teoria da relatividade seria aplicada à higiene masculina, colocando ponto final no mito que diz: - Macho que é macho não toma banho e muito menos depila as axilas!
Seria relativo tomar banho? E se os sábados inexistissem?
E...
Comecei a pensar sobre a matéria escura que compõe a maior parte do universo e sua poderosa força. O poder de atração de um buraco negro, capaz de “engolir” até a luz... Aquele sovaco provocava arrepios.
Meditei sobre os inocentes presos ali dentro, em outras dimensões: Os meninos da Caverna do Dragão, que nunca conseguiram voltar para casa; o pessoal do Lost, que ingenuamente acreditam que a ilha está sob o efeito do triângulo das bermudas e seus mecanismos temporais, pois viajam no tempo e na maionese! Todos os guarda-chuvas desaparecidos até hoje sem deixar qualquer vestígio. Talvez a quantidade atual supere a do “achados e perdidos” do terminal rodoviário Tietê em São Paulo. E talvez o Elvis, o Michael, o Che e os Beatles também devam ter sido capturados pelo campo gravitacional sovaquiano. Um horror!
Acredito que não há uma terceira dimensão, e sim, várias!
Um sistema múltiplo de portas, e dentro de cada uma, um universo paralelo diferente. Mas todas conectadas ao sovaco e seu sistema nervoso central, através de um único corredor. Escapar é quase impossível.
Talvez os Beatles, o Michael, o Elvis e o Che estejam dentro de diferentes portas, vivenciando situações opostas as suas profissões.
Enquanto os Beatles, guerrilheiros, combatem a direita capitalista da constelação de Alpha 13, Elvis e Che lutam para sobreviver na primeira divisão do Gaybol. Esporte de conato masculino – mistura de sinuca com luta Greco-romana – praticado pelo povo de Orion 24.
É quase 2001, uma odisseia no espaço! Melhor: 2010, uma odisseia no sovaco!
Mas o momento crucial havia chegado. O indivíduo posicionou a estranha cavidade sobre minha cabeça, e foi aí que suei frio.
Segundo a sovacologia o portal se abre no momento em que cabeça, sovaco, a lua e a Bruxa do 71 alinham-se um sobre o outro.
Ao meu lado, encostado na janela, um senhor de barba branca até o peito, boné do New York Yankees – estilo caminhoneiro americano – dormia angelicalmente mesmo sob os solavancos gerados pelo veículo. Estaria ele sob feitiço? Seria um agente da CIA disfarçado e responsável pela área 51? Ou um dos caras do Sobrenatural? Seriado do SBT (Sovacos Bi-dimensionados Telepaticamente) que cuidam de fenômenos paranormais.
O teto do ônibus me impedia de visualizar o céu por completo, e em meio a tentativa de encontrar a lua, preocupei – me com o dorminhoco, ou enfeitiçado, pois ao acordar, amanheceríamos numa ilha deserta e inóspita junto a todos os passageiros da linha 442. Talvez jamais chegássemos em casa.
E o que é pior: Enquanto presos numa dimensão qualquer, o frentista misterioso andaria por aí atacando a população como no filme Guerra dos Mundos. Pelas ruas, estaria o “sovaco-man” levantando os braços e sugando toda a matéria para dentro das axilas, aprisionando a humanidade em seu mundo de fungos acebolados.
Tomado pelo pavor lembrei-me de Matrix, quando Neo (Keanu Reaves) ao visitar o oráculo, encontra um pequeno budista que diz: - A colher não existe! Não é a colher que entorta... É você!
Aquele sovaco teria a capacidade de produzir um simulacro? Ou seja, a imitação quase perfeita do nosso mundo? Eu encontraria outro eu, porém torto e de cabeça pra baixo? Um mundo pirata. Minha nossa!
Até gostaria de conhecer um, ou vários, mas não por debaixo do braço de um frentista desconhecido. O portal poderia ter o aroma “cebolitos”.
Quando vi meu ponto de descida se aproximando, puxei a cordinha e qual um pára-quedista no dia D, na Normandia, pulei com o veículo ainda em movimento. Não quis pagar pra ver o final.
Desconheço os fatos que sucederam a viagem, porém, uma coisa é certa: Nunca mais sento ao lado do corredor. Não me cheirou nada bem!
Obs: Ao terminar o texto, liguei a tv. Assistia ao jornal, quando o apresentador disse:
- Esfregar limão nas axilias pode causar queimaduras!
É ou não é muito estranho!
Sim, há sovacos de todos os tipos: odores leves, acebolados, capitão caverna – mais ou menos o tipo que encontrei -, amanteigados por conta do sebo, de nacionalidades diversas, e etc.
E quando você se deparar com um deles, bem no meio da noite, reflita, pois está aí a pedra filosofal – não sabia que pedra filosofava – para solucionar as questões humanas mais complexas.
Estava no ônibus, indo pra casa tarde da noite, sentado e pensante, quando adentra ao coletivo um homem moreno, abdômen em semi-círculo – na realidade aquela barriguinha já estava no décimo mês de gravidez – camisa vermelha de algodão e botões madrepérola aberta até um pouco acima do umbigo, no melhor estilo caminhoneiro, apesar de ser frentista.
O gestante permaneceu de pé paralelo ao meu ombro. Com o braço direito sobre minha cabeça apoiava-se na barra de segurança, e o barril, quero dizer, a barriga próxima a meu ouvido fez com que ouvisse tudo lá dentro, principalmente o coraçãozinho do bebê batendo. Transfigurei-me num ultrassom humano. A criatura sem educação aparente insistia em continuar o exame e eu, incomodado, tentava desviar da responsabilidade ginecológica a qual a vida havia me designado naquele instante.
Incomodado, ensaiei um movimento de fuga e, ao olhar para cima, fiquei cara a cara com aquela coisa. Era matéria certa para a comunidade cientifica internacional.
A ciência... A busca pelo desconhecido... Algo que a própria física procurou desvendar durante séculos!
Todas as questões filosóficas da humanidade poderiam estar ali, encerradas naquele sovaco!
Por entre a larga manga da camisa vermelha, vi a abundante capilaridade negra; um pequeno e curioso espaço, passível de observação por parte dos estudiosos. Intrigante e assustador.
Einstein, dono de um não menos cabeludo bigode, ao encontrar este sovaco poderia facilmente desvendar boa parte dos mistérios universais, mudando inclusive, o comportamento masculino em relação aos cuidados diários.
A teoria da relatividade seria aplicada à higiene masculina, colocando ponto final no mito que diz: - Macho que é macho não toma banho e muito menos depila as axilas!
Seria relativo tomar banho? E se os sábados inexistissem?
E...
Comecei a pensar sobre a matéria escura que compõe a maior parte do universo e sua poderosa força. O poder de atração de um buraco negro, capaz de “engolir” até a luz... Aquele sovaco provocava arrepios.
Meditei sobre os inocentes presos ali dentro, em outras dimensões: Os meninos da Caverna do Dragão, que nunca conseguiram voltar para casa; o pessoal do Lost, que ingenuamente acreditam que a ilha está sob o efeito do triângulo das bermudas e seus mecanismos temporais, pois viajam no tempo e na maionese! Todos os guarda-chuvas desaparecidos até hoje sem deixar qualquer vestígio. Talvez a quantidade atual supere a do “achados e perdidos” do terminal rodoviário Tietê em São Paulo. E talvez o Elvis, o Michael, o Che e os Beatles também devam ter sido capturados pelo campo gravitacional sovaquiano. Um horror!
Acredito que não há uma terceira dimensão, e sim, várias!
Um sistema múltiplo de portas, e dentro de cada uma, um universo paralelo diferente. Mas todas conectadas ao sovaco e seu sistema nervoso central, através de um único corredor. Escapar é quase impossível.
Talvez os Beatles, o Michael, o Elvis e o Che estejam dentro de diferentes portas, vivenciando situações opostas as suas profissões.
Enquanto os Beatles, guerrilheiros, combatem a direita capitalista da constelação de Alpha 13, Elvis e Che lutam para sobreviver na primeira divisão do Gaybol. Esporte de conato masculino – mistura de sinuca com luta Greco-romana – praticado pelo povo de Orion 24.
É quase 2001, uma odisseia no espaço! Melhor: 2010, uma odisseia no sovaco!
Mas o momento crucial havia chegado. O indivíduo posicionou a estranha cavidade sobre minha cabeça, e foi aí que suei frio.
Segundo a sovacologia o portal se abre no momento em que cabeça, sovaco, a lua e a Bruxa do 71 alinham-se um sobre o outro.
Ao meu lado, encostado na janela, um senhor de barba branca até o peito, boné do New York Yankees – estilo caminhoneiro americano – dormia angelicalmente mesmo sob os solavancos gerados pelo veículo. Estaria ele sob feitiço? Seria um agente da CIA disfarçado e responsável pela área 51? Ou um dos caras do Sobrenatural? Seriado do SBT (Sovacos Bi-dimensionados Telepaticamente) que cuidam de fenômenos paranormais.
O teto do ônibus me impedia de visualizar o céu por completo, e em meio a tentativa de encontrar a lua, preocupei – me com o dorminhoco, ou enfeitiçado, pois ao acordar, amanheceríamos numa ilha deserta e inóspita junto a todos os passageiros da linha 442. Talvez jamais chegássemos em casa.
E o que é pior: Enquanto presos numa dimensão qualquer, o frentista misterioso andaria por aí atacando a população como no filme Guerra dos Mundos. Pelas ruas, estaria o “sovaco-man” levantando os braços e sugando toda a matéria para dentro das axilas, aprisionando a humanidade em seu mundo de fungos acebolados.
Tomado pelo pavor lembrei-me de Matrix, quando Neo (Keanu Reaves) ao visitar o oráculo, encontra um pequeno budista que diz: - A colher não existe! Não é a colher que entorta... É você!
Aquele sovaco teria a capacidade de produzir um simulacro? Ou seja, a imitação quase perfeita do nosso mundo? Eu encontraria outro eu, porém torto e de cabeça pra baixo? Um mundo pirata. Minha nossa!
Até gostaria de conhecer um, ou vários, mas não por debaixo do braço de um frentista desconhecido. O portal poderia ter o aroma “cebolitos”.
Quando vi meu ponto de descida se aproximando, puxei a cordinha e qual um pára-quedista no dia D, na Normandia, pulei com o veículo ainda em movimento. Não quis pagar pra ver o final.
Desconheço os fatos que sucederam a viagem, porém, uma coisa é certa: Nunca mais sento ao lado do corredor. Não me cheirou nada bem!
Obs: Ao terminar o texto, liguei a tv. Assistia ao jornal, quando o apresentador disse:
- Esfregar limão nas axilias pode causar queimaduras!
É ou não é muito estranho!
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